O Nordeste de povos e crenças

01abr09

Por Bruno Costa

Numa tribo indígena a filha do Tuxaua deu à luz a uma menina branca como leite. O Chefe quis matar a filha, mas um moço branco lhe apareceu em sonho e lhe disse que a mãe da criança não era culpada.

A criança logo depois que nasceu começou a andar e falar. Mas não viveu muito tempo. Antes de completar um ano, morreu sem ter adoecido. O Tuxaua mandou enterrá-la na própria aldeia, e a mãe todos os dias lhe regava a sepultura, sobre a qual nascera uma planta que deu flores e frutos. Os pássaros que os comiam ficavam embriagados.

Certa vez a terra abriu-se ao pé da planta e apareceram as raízes. Os índios as colheram e viram que eram brancas como o corpo de Mani, e deram o nome de “Maníoca” (casa de Mani) ou corpo de Mani. E à planta deram o nome de “maniva” (Mandioca).

Lendas como esta, são histórias narradas no seio da sociedade indígena para doutrinar seus membros. A mitologia indígena está povoada de seres encantados e sobrenaturais que habitam as matas, os rios, igarapés, igapós, e protegem os animais. São lendas fantásticas cheias de mistério sobrenatural, ligadas à feitiçaria e à magia. Talvez ainda não nos tenhamos dado conta, mas a nossa cultura, tida como “lusa” – ou originalmente européia – está povoada dessas lendas e mistérios sobrenaturais.

A expressividade cultural desses povos tem suas crenças e raízes ancestrais refletidas em sua arte que, por sua vez, se confunde à vida cotidiana através dos objetos utilitários, da cerâmica, dos trabalhos em madeira, da pintura, da cestaria, da arte plumária, da pintura ritual dos corpos e adornos.

Segundo Semira Adler, Pesquisadora da Fundação Joaquim Nabuco, “A partir do século XVI […] Vieram portugueses, hebreus e escravos africanos […] Chegaram holandeses, franceses e indivíduos de várias outras nacionalidades. Os colonizadores lusos trouxeram a religião católica; os judeus a religião mosaica; e os escravos e sacerdotes africanos as religiões anímicas. No país, encontraram os povos indígenas com crenças e cultos totêmicos, que invocavam seus antepassados e os deuses na natureza”.

Ainda segundo a pesquisadora, “a Doutrina Espírita só foi introduzida na segunda metade do século XIX. Com a mudança da família real portuguesa e a abertura dos portos, vieram os ingleses com a igreja Anglicana e o Luteranismo. Posteriormente, surgiram as Igrejas Congregacional e Presbiteriana, a Igreja Batista, a Congregação Cristã, a Assembléia de Deus e as igrejas neopentecostais”.

O que realmente aconteceu é que durante todo esse processo de colonização, o povo nordestino nasceu de fato, pois, até então, a região era ocupada pelas nações indígenas e, pela primeira vez na história, o índio, primeiro representante do povo brasileiro, passou a ter contato com novos povos e novas culturas.

Esse contato entre os povos, colaborou para o surgimento da cultura nordestina como é hoje: rica e diversificada. Seu folclore e artesanato são os resultados de uma criatividade popular que se manifesta sob as mais variadas formas. Para provar o sabor da cultura local, basta apreciar a culinária e a arquitetura que logo encontraremos traços das influências desses povos.

A contribuição dos novos povos para a criação do imaginário nordestino também foi de suma importância. A chegada dos colonizadores e dos negros trazidos da África contribuiu para a disseminação, bem como para o surgimento de novas crenças.

De acordo com Getúlio César (1941?, p. 89), os brasileiros são “um povo extremamente crédulo e de uma credulidade pueril. Basta dizer que o grito da coruja é considerado como mau agouro porque ele corta mortalha no seu canto sentimental; sapato com o solado para cima está chamando o dono para a cova;… tesoura aberta aguarda cortar a mortalha de quem assim a deixou;…vender sal à noite trás caiporismo; um enterro que pára em frente de uma casa é sinal de que ali vai morrer alguém… Euclides da Cunha nos Sertões diz que a primeira coluna que seguiu para Canudos, saiu de Juazeiro no dia 12 de novembro, à noite, para não sair a 13, dia asiago (sic). E ia combater o fanatismo.”

Apesar de tanta diversidade, o nordeste desenvolveu uma cultura única se consideramos que, diferentemente do resto do país, somente as três raças fundadoras de nossa nação (o negro, o branco português e o índio) permaneceram com forte influência na região. Enquanto que outras regiões do país foram fortemente influenciadas por italianos, alemães, japoneses etc.

O nordeste se desenvolveu e se transformou num imenso caldeirão étnico. Composto por crenças, ritos, lendas, mistérios sobrenaturais, cultos e religiões; e independente de estarem vinculadas a esta ou aquela igreja, templo, centro ou terreiro, o povo nordestino ainda é fiel e credita certos feitos, curas ou “milagres” ao poder dos orixás, mestres, benzedeiros, curandeiros e rezadeiras junto às forças sobrenaturais.



4 Responses to “O Nordeste de povos e crenças”

  1. mais ou menos isso q eu qria!

  2. 2 Iana Dourado

    Adorei o site parabens!!
    P.S: Sou de uma escola COC de São Luís, sou aluna do 6º ano e esse site nos ajudou muito em nossas pesquisas obrigada!
    De: alunos do 6º ano!

  3. gostei muito.


  1. 1 A música nordestina e a história do brasil • Curso Tecnico

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